Correr é uma das formas mais populares de atividade física, mas também uma das que mais gera lesões, principalmente entre iniciantes. Uma forma de reduzir esse risco é por meio do treinamento de marcha, também chamado de gait retraining. Essa estratégia envolve ajustes na forma de correr, geralmente feitos com orientação profissional e, em muitos casos, com o uso de feedback em tempo real. Entre as principais técnicas estão o aumento da cadência, a inclinação leve do tronco para frente e a busca por uma aterrissagem mais suave, sempre respeitando o centro de gravidade.O aumento da cadência, isto é, dar mais passos por minuto, tem sido uma das intervenções mais estudadas e consistentes. Essa simples modificação reduz o impacto vertical de cada passada e diminui a sobrecarga sobre joelhos e quadris, sem comprometer o desempenho do corredor. Já em relação ao padrão de pisada, não existe um jeito universalmente correto. O mais importante é que a aterrissagem aconteça de forma natural e alinhada ao centro de gravidade, evitando contatos bruscos que aumentam o risco de sobrecarga.As evidências científicas reforçam os benefícios desse tipo de treinamento. Um estudo publicado no American Journal of Sports Medicine acompanhou corredores iniciantes durante um ano e mostrou que apenas duas semanas de treino com feedback visual reduziram o risco de lesão em 62%. Revisões sistemáticas também apontam que técnicas que estimulam aterrissagens mais suaves e maior cadência estão associadas a menor incidência de dores no joelho e lesões relacionadas à corrida.O treinamento de marcha pode ser útil para qualquer corredor, mas é especialmente indicado para aqueles que apresentam dor patelofemoral, síndrome da banda iliotibial, fasciopatia plantar, tendinopatias ou dor na tíbia. Protocolos estruturados costumam incluir exercícios específicos para aumentar a cadência, melhorar o alinhamento postural e treinar uma aterrissagem mais suave.Em resumo, o treinamento de marcha é uma ferramenta eficaz e baseada em ciência para prevenir lesões e otimizar a corrida. Respeitar o centro de gravidade, adotar ajustes simples na técnica e, quando possível, contar com feedback profissional são passos que ajudam a correr de forma mais segura, eficiente e com menor risco de dor.

Referências

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